Criança pobre, pobre criança!
Por que vim ao mundo? Que erros cometi para pagar com tanto sofrimento? Quantas vidas serão necessárias para pagar meus pecados?
Um dia, por muitas, ou por nenhuma razão que justificasse, fomos expulsos de casa.
O violento cotidiano da favela não nos quis mais lá.
Minha mãe, meus 3 irmãos e eu. Todos no olho da rua, na amargura do olho rua.
O mais amargo da vida! Sem ter teto! Sem ter abrigo! Sem ter alimento!
O que já nos era pouco se perdeu. O que tínhamos por vestir se perdeu. Sem ter agasalho!
Nas idas e vindas do nosso triste passado conhecíamos nosso destino. Antes da casa, antes da favela, já estivéramos lá. Nos esperava o outro lado do muro. Um lado escuro e triste, porém um abrigo... um teto.
Lá não somos sós, muito menos únicos... somos centenas, milhares. Somos os que buscam o abrigo que há do outro lado do muro.
Os direitos são restritos... obrigações... tudo lá é obrigação!
Tudo o que temos somos nós, apenas nós, cada um de nós. Eu aos meus, eles a mim.
Sou criança, preciso da minha infância! Sorrir é meu direito! Sorrir não é obrigação. Preciso sorrir... é preciso sorrir. Mesmo quando não quero é preciso sorrir.
Não há castigo, só obrigação!
Um teto, um agasalho, um corredor escuro... fétido, úmido, bolorento.
Portas mil, vidas mil. Cada porta um drama! Cada vida sua trama!
Sofrer é normal, já não dói, revolta!
Do lado de dentro do muro, não sou dono de minha vida! Do lado de dentro do muro não sou livre! Sou só obrigação.
Nossa casa não é mais nossa. Nos tomaram as vidas. Nos tomaram as idas e vindas. Nos foi tomado o ir e o vir. Nos podaram a liberdade.
Agora, do lado de dentro do muro, só vou se me for permitido, só volto no horário devido... do lado de dentro do muro nos domam a liberdade.
Nossa casa, na favela, tinha as janelas abertas. A porta aberta, era pra ir e vir... criança era pra correr... viver!
Aqui, do lado de dentro do muro, não há janela, só grade. Não há porta, só autorização.
Aqui, sou livre para ir e vir, basta pedir... é preciso pedir. Só se alguém autorizar... é preciso assinar.
Do lado de fora do muro há o mundo. O burburinho da vida... a ida e a vinda, o vai e volta, o ir e vir!
Na favela eu era pobre, porém era nobre. Agredido pela sociedade, mas era livre! Honrado!
Aqui, do lado de dentro do muro, não há honra, não há nobreza, só há humilhação!
Subo no muro.
De um lado a necessidade. Agasalho, abrigo, alimento e também o sofrimento. Personagens vivos do viver em um abrigo público.
Sim subo no muro.
Do outro lado do muro, lá fora, está o mundo. Sem agasalho e sem abrigo. Alimento é só pedir. Já conheço o sofrer... não me dói, só revolta!
De cima do muro faço a escolha... me lanço no mundo.
Me jogo de cara na liberdade!
Quero viver, quero correr... sou criança!
Agora, do lado de dentro do muro, minha mãe é sofrimento.
Ela e meus irmãos são saudade. Isso sim dói! A revolta já faz parte de mim!
Sou criança quero correr. Preciso correr, preciso!
Corro, corro, tenho que correr!
Sem mãe, sem irmãos, sem obrigações. Sou livre!
Por que vim ao mundo? Que erros cometi para pagar com tanto sofrimento? Quantas vidas serão necessárias para pagar meus pecados?
Um dia, por muitas, ou por nenhuma razão que justificasse, fomos expulsos de casa.
O violento cotidiano da favela não nos quis mais lá.
Minha mãe, meus 3 irmãos e eu. Todos no olho da rua, na amargura do olho rua.
O mais amargo da vida! Sem ter teto! Sem ter abrigo! Sem ter alimento!
O que já nos era pouco se perdeu. O que tínhamos por vestir se perdeu. Sem ter agasalho!
Nas idas e vindas do nosso triste passado conhecíamos nosso destino. Antes da casa, antes da favela, já estivéramos lá. Nos esperava o outro lado do muro. Um lado escuro e triste, porém um abrigo... um teto.
Lá não somos sós, muito menos únicos... somos centenas, milhares. Somos os que buscam o abrigo que há do outro lado do muro.
Os direitos são restritos... obrigações... tudo lá é obrigação!
Tudo o que temos somos nós, apenas nós, cada um de nós. Eu aos meus, eles a mim.
Sou criança, preciso da minha infância! Sorrir é meu direito! Sorrir não é obrigação. Preciso sorrir... é preciso sorrir. Mesmo quando não quero é preciso sorrir.
Não há castigo, só obrigação!
Um teto, um agasalho, um corredor escuro... fétido, úmido, bolorento.
Portas mil, vidas mil. Cada porta um drama! Cada vida sua trama!
Sofrer é normal, já não dói, revolta!
Do lado de dentro do muro, não sou dono de minha vida! Do lado de dentro do muro não sou livre! Sou só obrigação.
Nossa casa não é mais nossa. Nos tomaram as vidas. Nos tomaram as idas e vindas. Nos foi tomado o ir e o vir. Nos podaram a liberdade.
Agora, do lado de dentro do muro, só vou se me for permitido, só volto no horário devido... do lado de dentro do muro nos domam a liberdade.
Nossa casa, na favela, tinha as janelas abertas. A porta aberta, era pra ir e vir... criança era pra correr... viver!
Aqui, do lado de dentro do muro, não há janela, só grade. Não há porta, só autorização.
Aqui, sou livre para ir e vir, basta pedir... é preciso pedir. Só se alguém autorizar... é preciso assinar.
Do lado de fora do muro há o mundo. O burburinho da vida... a ida e a vinda, o vai e volta, o ir e vir!
Na favela eu era pobre, porém era nobre. Agredido pela sociedade, mas era livre! Honrado!
Aqui, do lado de dentro do muro, não há honra, não há nobreza, só há humilhação!
Subo no muro.
De um lado a necessidade. Agasalho, abrigo, alimento e também o sofrimento. Personagens vivos do viver em um abrigo público.
Sim subo no muro.
Do outro lado do muro, lá fora, está o mundo. Sem agasalho e sem abrigo. Alimento é só pedir. Já conheço o sofrer... não me dói, só revolta!
De cima do muro faço a escolha... me lanço no mundo.
Me jogo de cara na liberdade!
Quero viver, quero correr... sou criança!
Agora, do lado de dentro do muro, minha mãe é sofrimento.
Ela e meus irmãos são saudade. Isso sim dói! A revolta já faz parte de mim!
Sou criança quero correr. Preciso correr, preciso!
Corro, corro, tenho que correr!
Sem mãe, sem irmãos, sem obrigações. Sou livre!
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