sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A raposa e o lenhador

A raposa e o lenhador
Existiu um lenhador viúvo que acordava ás 6 da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, e só parava tarde da noite. Ele tinha um filho lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança. Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando de seu filho. Todas as noites ao retornar do trabalho, a raposa ficava feliz com a sua chegada. Os vizinhos do lenhador alertavam que a raposa era um bicho, um animal selvagem, e portanto, não era confiável, pois quando ela sentisse fome comeria a criança. O lenhador sempre retrucando com os vizinhos e falava que isso era uma grande bobagem. A raposa era sua amiga e jamais faria isso.Os vizinhos insistiam:  ”Lenhador abra os olhos! A raposa vai comer seu filho, Quando sentir fome, comerá seu filho!” Um dia o lenhador muito exausto do trabalho e muito cansado desses comentários ao chegar em casa viu
a raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensangüentada… O lenhador suou frio e sem pensar duas vezes acertou o machado na cabeça da raposa… Ao entrar no quarto desesperado, encontrou seu filho no berço dormindo tranquilamente e ao lado do berço uma cobra morta… Corroído pela culpa e pelo remorso, o lenhador enterrou o machado e a raposa juntos. Se você confia em alguém, não importa o que os outros pensem a respeito, siga sempre o seu caminho e não se deixe influenciar… e principalmente não tome decisões precipitadas…

domingo, 5 de dezembro de 2010

Palavras de forte expressão...lindo!!! por Fernanda Queiroz

Antes que o ano termine...

Retrato de Fernanda Queiroz
Conto Literário
Falta um dia para que o ano termine. Um dia intenso que pode mudar toda minha existência. Só preciso ter coragem e ir até onde você está... Antes, 450 km, agora 50 km. Por que veio para cá? Queria me confundir ainda mais? Estaria esperando que a proximidade me fizesse ser mais mulher... mais corajosa? Sabe que meu destino está traçado. Não me deixaram editá-lo. Sabe que não posso voltar, então porque não vem... Rouba-me, Toma-me, Leva-me para nosso mundo de sonhos; onde tua ausência presente foi marco de nossa história.
O sol está se pondo, o alaranjado de céu é o contraste perfeito com a relva que se estende verde e úmida pelas chuvas de dezembro. Tanta calmaria vem de contraste a minha alma conturbada e sofrida. Posso sentir meu coração batendo forte, tão forte quando o podia ver por aquela janelinha mágica do computador, cenário de nossa história, testemunha de nosso amor, cúmplice de nossos segredos, arquivo de momentos que perpetuarão dentro de mim. A brisa suave sopra. Parece querer brincar com meus cabelos, alheia a tempestade que envolve meu coração. Deixo a mente explorar o passado... Tão presente... Teus olhos, tua mania constante e única de apoiar teu rosto nas mãos. O sorriso espontâneo, a cara emburrada, os olhos se fechando de sono, e a vontade de ficar um tempo mais...e mais ...até o galo cantar...a madrugada... o sol nos encontrar ...felizes ou tristes...juntos.
A noite traz a transparência de minha alma, negra, sem luzes, sem amanhecer. Preciso me movimentar, sair deste marasmo de recordações. Thobias, meu companheiro de peripécias, que um dia correu tanto quanto no dia em que estouramos uma colméia; está selado, entende o que me vai à alma, conhece meu estado de espírito, sabe quando é preciso deixar as paisagens para trás, mais rápido, mais rápido, até se tornarem uma massa cinzenta, sem cor, ou forma retratando o mais profundo que existe em mim. Agora, no embalo do cavalgar, meus sonhos se afloram. Estou indo ao teu encontro, nossas mãos se tocarão, nossos corpos se unirão, nossos corações baterão em um só ritmo. A brisa tornou-se um vento tão gélido quantos minhas mãos que seguram as rédeas de um futuro-presente. Gotas de chuva descem sobre minha face, misturam-se as minhas lágrimas. Tenho a sensação de não estar chorando e sim caminhando para você. Na volta para casa nem o aconchego da lareira, o crepitar constante elevando as chamas transmite liberdade, as sombras sobrepõe à realidade que trará o amanhecer, elevo ás mãos solitárias tentando voltar ao tempo de criança onde elas davam vidas retratadas na parede imagens de bichinhos animados, mas não se movimentam, parecem presas ao aro de ouro reluzente que por poucas horas trocarão de mão fecundando o abismo que se posta diante de nós. O cansaço e as emoções imperam. Entre sombras e sonhos, meu pensamento repousa em você, na ilusão, nos sonhos, na saudade pulsante de momentos mágicos vividos, onde nossas almas se encontravam, onde nossos corpos não podiam estar. De desejos loucos e incontidos de poder realizar, antes que o ano se finde, antes que as horas levem tudo que posso te dar.
O amanhecer desponta, caminho a esmo, no escritório, ao lado direito da janela que desponta para colina verdejante (cenário de nossa história). O computador me atrai.. Você está off, está há apenas 50 km, mas em meus arquivos de vídeo teu rosto se faz presente, tua boca elabora a mímica de três palavras mágicas “EU TE AMO”.A musica no fundo é a mesma que partilhamos tantas vezes juntos COM TI RAMIRO, gravada em meu studio amador ao som de flauta. As notas enchem o ar, a melancolia prevalece, meu coração se enternece, “POR FAVOR, VENHA ME BUSCAR”, não vou conseguir sozinha, você sabe disso, é exigir demais de quem só soube amar, sem nunca saber lutar, sem nunca poder gritar, com um destino a cumprir, um dever de tempos idos e protocolados nos princípios de toda uma existência. O dia se arrasta imortalizando o passado. Estou diante do espelho, o rosto moreno não consegue esconder a palidez, o vestido branco de seda cai placidamente sobre meu corpo inerte. Vestido que outrora minha mãe usara com os olhos brilhantes de felicidade. Os meus não têm brilho, este fora reservado às perolas que adornam meus cabelos negros, sempre me achei parecida com ela, mas a imagem reflete somente uma semelhança física onde a mortalidade de meu semblante contradiz a vida de tempos passados.
Pedi que me deixassem ir só, queria ficar com meus pensamentos, onde você é soberano. Que bom que ninguém pode me tirar isto: tua imagem, teu sorriso, tua forma única de existir para mim, mesmo que em sonhos, mesmo que em lembranças, mesmo que em minha morte para a vida que se inicia. A escada imperial e central se desponta com teu corrimão de prata por onde desci tantas vezes lustrando-o com minhas vestes. Minhas mãos se apóiam nele, trêmulas, frias, para que eu não quede diante da realidade... Apenas trinta degraus? Deveria ser trezentos, três mil, ou trinta milhões? Eu os percorreria com gosto, antes de pisar na relva verde coberta por um tapete de pétalas de rosas que conduziam à capela. Porque desfolhá-las? Porque enfeitar a vida com a morte? Rosas brancas, pálidas como minha alma, desfolhadas e mortas como minha vida. Ao lado o lago que outrora me fazia sorrir, brincar e acreditar....queria parar...descalçar o pequeno sapatinho branco e sentir a frescura das águas elemento mais forte e presente da natureza em minha vida...mas agora não posso parar a poucos metros está minha rendição, meu destino onde o oculto será sempre meu presente, onde o passado será minha lembrança futura, onde você viverá eternamente, onde ninguém poderá jamais alcançar. A capela parecia lotada, não guardei rostos, somente sombras. No altar uma face, feliz, despreocupada, livre, sentado em uma cadeira de rodas estava papai, tuas pernas não mais suportavam me conduzir, teus braços que muito me embalaram, já não mais me apoiavam...segui em frente. Pensei em me voltar ..olhar para trás, mas não iria te encontrar. Palavras ditas e não ouvidas... trocas de alianças...abraços de felicitações....buquê lançado ao ar, festividades...todo ar de felicidade.
Faltavam dez minutos para findar o ano...minha existência já tinha terminado, o celular em cima do piano da sala...8 minutos...mãos tremulam ao aperta a tecla da re-discagem...minutos eternos...do outro lado a apenas 50 km, tua voz ...doce...amada...terna, parecia querer ouvir o que eu queria falar e não podia...engolindo as lágrimas. Apenas um pedido: seja feliz, seja feliz por nós dois...uma resposta que mais parecia um lamento, que por mais suave, parecia um grito...Seja feliz também.....um tum tum era o sinal de desligado....zero hora. Fogos explodindo no ar...
Fernanda Queiroz
  


sábado, 4 de dezembro de 2010

CONTEMPLAÇÃO

Ao acordar em uma manhã de chuva, despertei com uns pingos finos que caíam sorrateiramente sobre a minha pele. Naquela noite, havíamos dormido com as janelas abertas, a do quarto e da sala, para fazer circular o vento que arejava a casa com um frescor de brisa que cheirava a litoral. Resolvi fechar a janela, com receio de um resfriado. Levantei-me com cuidado para não acordar Aline e percebi que, mesmo de janela fechada, o quarto possuía uma claridade natural que me permitia contemplar a presença daquela que há quase três anos divide comigo o repouso de cada noite. Não foi a primeira vez que senti um ardor de felicidade invadir minha alma. Procurei usufruir cada segundo daquele momento com a intensidade que move o coração dos amantes. Com a face voltada para a parte lateral da cama, como costumava dormir, e a boca ligeiramente aberta, Aline transparecia um sono solene. Recordo-me das primeiras vezes que começamos a dormir juntos. Quando namorados, imaginávamos que passaríamos a noite com nossos corpos entrelaçados, sentindo-nos como uma coisa só, respirando o mesmo ar, desfrutando o mesmo espaço, com o intuito de pôr em xeque as leis da física. Já na lua-de-mel, constatamos que não seria tão fácil assim. Eu me sentia um pouco sufocado e ela sempre preferiu dormir de costas para mim. Às vezes assolava-me uma inveja daqueles casais que passavam a noite abraçados como eternos namorados. O fato é que não dormir juntinhos não tornava o nosso sentimento menos sublime e menos intenso que o daqueles que se beijavam em toda e em qualquer circunstância, seja no cinema ou em frente às igrejas, no calor ou no frio, nos finais de tarde ou no resplendor da aurora. Envolvido em patente exultação, deslizei meus dedos por suas costas, percorrendo-lhe a pele até o pescoço, vindo a encerrar o percurso sobre seus cabelos. Estes, além de macios, possuíam tal volume que minhas mãos se perdiam por entre seus fios. Senti sua perna se arrepiar. Um sorriso se desenhou em seus lábios, mas não queria que acordasse. Mais uma vez vieram as recordações e um medo se adentrou por entre as frestas de meus pensamentos, medo de não tê-la conhecido, de não tê-la namorado e, por fim, de não tê-la desposado. Procurei imaginar minha vida sem sua presença ou sem sua existência e, como numa reação de defesa que só os seres vivos possuem, decorrente de um instinto de sobrevivência tão inato ao coração humano, minha mente não concebia tal possibilidade. E, assim, agradeci a Deus. O chuvisco insistia em regar a terra e os jardins do lado de fora e eu não conseguia me virar e continuar dormindo, não por medo de viver um sonho, a realidade era por demais concreta, mas porque aquele era um momento de verdadeira contemplação e, por que não dizer, de comoção. Comprovava-se ali que, para um casal sentir o amor que os envolve, não se faz necessário um entrelaçar de pernas e braços ou de beijos avassaladores, a despeito de esses gestos também se mostrarem como expressões de carinho e afeto. A contemplação da pessoa amada alarga o coração, alimenta a alma e enternece o corpo. Meus dedos percorrem novamente sua pele e vejo seus braços se arrepiarem, como uma espécie de autorização que me impulsiona a não parar. Ao esticar as pernas, num espreguiçar lânguido, percebo que também estas desfrutam o prazer da ternura que procuro transportar para seu corpo. O que mais me impressiona, no entanto, é a exultação de sua presença. Sentia-me em estado de graça. A manhã clama por um novo dia. A chuvinha pára, reabro a janela devido ao calor e volto a dormir, com a certeza de ter experienciado a mais pura e sublime contemplação.
 
 
 
Leonardo Setesois
 
 
 
Quantas vezes precisávamos desta contemplação, a vigiar nosso sono..e a certeza do amor correspondido e grato por momentos comuns até entre um casal, mas de importância extrema..
Que gostoso é acordar e sentir um olhar carinhoso provando que o amor esta ali..a sua disposição..é seu..
Um dia, um pai de familiarica, grande empresário, levou seu filho para viajar até um lugarejo com o firme propósito de mostrar o quanto as
pessoas podem ser pobres.

O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, o status, o prestígio social; o pai queria desde
cedo passar esses valores para seu herdeiro.

Eles ficaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo...

Quando retornavam da viagem, o pai perguntou ao filho:

- E aí, filhão, como foi a viajempara você?

- Muito boa, papai.

- Você viu a diferença entre viver com riqueza e viver na pobreza?

- Sim pai! Retrucou o filho, pensativamente.

- E o que você aprendeu, com tudo o que viu naquele lugar tão paupérrimo?

O menino respondeu:

- É pai, eu vi que nós temos só um cachorro em casa, e eles têm quatro.

Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim, eles têm um riacho que não tem fim.

Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu.

Nosso quintal vai até o portão de entrada e eles têm uma floresta inteirinha.

Nós temos alguns canários em uma gaiola eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas!

O filho suspirou e continuou:

- E além do mais papai, observei que eles oram antes de qualquer refeição, enquanto que nós em casa, sentamos à mesa falando de negócios,
dólar, eventos sociais, daí comemos, empurramos o prato e pronto!

No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto que ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo,
inclusive a nossa visita na casa deles. Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos televisão e dormimos.

Outra coisa, papai, dormi na rede do Tonho, enquanto que ele dormiu no chão, pois não havia uma rede para cada um de nós.

Na nossa casa colocamos a Maristela, nossa empregada, para dormir naquele quarto onde guardamos entulhos, sem nenhum conforto, apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando.

Conforme o garoto falava, seu pai ficava estupefado, sem graça e envergonhado.

O filho na sua sábia ingenuidade e no seu brilhante desabafo, levantou-se, abraçou o pai e ainda acrescentou:

- Obrigado papai, por me haver mostrado o quanto nós somos pobres!


MORAL DA HISTÓRIA:

Não é o que você tem, onde está ou o que faz, que irá determinar a sua felicidade; mas o que você pensa sobre isto! Tudo o que você tem, depende da maneira como você olha, da maneira como você valoriza. Se você tem amor e sobrevive nesta vida com dignidade, tem atitudes positivas e partilha com benevolência suas coisas, então... Você tem tudo!