sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Razões de Amor...J.G.de Araujo Jorge & É o Amor - Maria Bethânia



                                       Razões de Amor

Gosto desse teu ar tristonho, 
desse olhar de melancolia, 
mesmo nos momentos de prazer e de sonho, 
ou nos instantes de amor e de alegria... 

Gosto dessa tua expressão de ternura 
tão suave e feminina, 
desse olhar de ventura 
com um brilho úmido a luzir num profundo langor... 
Desse teu olhar de meiguice que me cativa e domina, 
tu que dás sempre a impressão de quem precisa 
de proteção e amor... 

Desse teu ar de menina, desse teu ar 
que te faz mais mulher 
ao meu olhar... 


Gosto de tua voz, tranqüila, do tom manso 
com que falas, como se acariciasses 
até as palavras que dizes; 
de tua presença, que é assim como um quieto remanso, 
um pedaço de sombra onde me abrigo 
quando somos felizes...
 

Gosto desse teu jeito calmo, sossegado, 
com que te encostas em meu peito 
e te deixas ficar 
entre ternuras e embaraços, 
como se tudo ficasse, de repente, parado, 
e teu mundo pudesse ser delimitado 
pelos meus braços... 


Gosto de ti assim, pequenina, macia, 
quando te aperto contra mim e te sinto 
minha 
(inteiramente nua) 
e tens um ar abandonado, como quem caminha 
sonâmbula, por um estranho caminho 
feito de céu e de lua... 


Gosto de ti 
desesperadamente: 
dos teus cabelos de tarde 
onde mergulho o rosto, 
dos teus olhos de remanso 
onde me morro e descanso; 
dos teus seios de ambrósias, 
brancos manjares trementes 
com dois vermelhos morangos 
para as minhas alegrias; 


de teu ventre – uma enseada 
– porto sem cais e sem mar – 
branca areia à espera da onda 
que em vaivém vai se espraiar; 
de teus quadris, instrumento 
de tantas curvas, convexo, 
de tuas coxas que lembram 
as brancas asas do sexo; 


– do teu corpo só de alvuras 
– das infinitas ternuras 
de tuas mãos, que são ninhos 
de aconchegos e carinhos, 
mãos angorás, que parecem 
que só de carícias tecem 
esses desejos da gente... 


Gosto de ti 
desesperadamente; 
gosto de ti, toda, inteira 
nua, nua, bela, bela, 
dos teus cabelos de tarde 
aos teus pés de Cinderela, 
(há dois pássaros inquietos 
em teus pequeninos pés) 
– gosto de ti, feiticeira, 
tal como tu és...

É o Amor  -  Maria Bethânia

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