terça-feira, 31 de maio de 2011

fatalidade do amor - Armando Sousa)


Mais uma vez naquela noite ventava e a chuva por vezes ouvia-se bater em rajadas no telhado que por vezes gemia, e uma pinga caia aqui e ali.

Sempre aquele meu irmão para me sossegar, me dizia, sabes qual é a historia que te vou contar hoje para adormecer?…à minha resposta do não, ele principiava.

Uma vez no monte Das Astrais, onde se refugiavam as mais nobres famílias que formavam os cruzados que pelo mundo seguiam combater os sarracenos, os Celtas e Vikings, numa das praças duma aldeia montanhosa onde uma fonte chafariz era o centro do recinto, um belo dia apareceu nesse lugar uma jovem carregando diversas cestas de vime e um molho de vimes para descascar.

Na borda do tanque do chafariz pousou todos os seus apetrechos, atirou seu xale ao chão.. pegou nas castanholas e principiou os primeiros toques de ensaio.

A beleza daquela jovem mulher encantava, de olhos azuis cor do céu, cabelos mais lustroso que o ouro, de rosto um tanto ao esguio, de peitos bem torneados se adivinhavam no ondular da blusa.

Ancas fortes e bem torneadas, e seu olhar era como duas estrelas reluzentes; as castanholas a bater as pernas no rodopiar faziam erguer sua saia rodada, por vezes mostrando um encanto de corpo de mulher não imaginável .

Corpo e espírito pareciam vindos do além, sua voz maravilhosa, meiga e sedutora, principiou a elevar-se, a voz de magia e maravilhosa apaixonava corações, incendiados pelo prazer do amor por uma mulher, às castanholas marcavam todo o compasso, os som saído de sua garganta, era como mil instrumentos entrassem em harmonia nos ouvidos dos que acorreram às janelas da praça .

ao terminar palmarias surgiram das janelas da praça, e era ver os mais jovens a se aproximar daquele ser encantador….. ela apenas disse, pedia para me comprar indicando as lindas cestas de vime.

Das janelas algumas moedas caíram no xale estendido, bis e sorrisos saíram das bocas das moças que já agora queriam expor seus corpos debruçados sobre as sacadas, mas os moços sentados no parapeito do chafariz junto às cestas e feixe de vime, continuavam com olhos posto naquela deusa da música e corpo celestial, pedindo-lhe para cantar, atirando moedas e belhetinhos escritos para cima do xale.

Os artigos foram vendidos outro oferecido às jovens das sacadas, e depois de mais uma vez ter dançado, no meio da dança agarrou seu xale com as moedas e bilhetes, desaparecendo a correr no fundo da calçada, mas era tão veloz que nenhum dos moços se atreveu a segui-la.

Todos seguiram para casa enaltecendo a beleza daquela que por momentos foi um sonho que desapareceu do olhar, apenas o filho do Conde de Castenate nome Gindiro seguia cabisbaixo, talvez que sonhasse em possuir aquela formosura, e vai de perguntar a um de seus criados, que o considerava como irmão e amigo.

Aproximou-se e perguntou......Juvelin: conheces tua aquela beleza, e a que família Pertence?………Não. mas já ouvi falar que avia uma moça que corria nua pelos campos que se banhava nas quedas das lagoas, que era destra como o melhor caçador, que gostava de fazer paixão aquele que se apaixonasse, que nunca ninguém se aproximou mas que á distancia tinha prazer de mostrar a beleza incomparável de suas formas………de seus peitos, de suas ancas, da perfeição de suas pernas, da beleza de seus olhos e da cor de seus cabelos; dizem que era duma tribo Viquingue que a abandonou por esquecimento, quando partiram com seus barcos depois de encherem de escravas da religião Islâmicas.

e desde esse dia ela apare-se de manhã na grande queda da lagoa, mas se alguém a estiver a admirando terá de se haver com o Veado Bali, esse animal veloz como o vento, parece destinado a aguardar, essa beldade de mulher; quando investe seja contra quem for, dá mostras de sua gelosia e de seu furor.

Creio que ela já fez saber que se casaria com o homem que fosse capaz de caçar o veado Bali, pois só deixará perder sua virgindade deitada na pele do caloso animal que a guarda

Das vistas dos homens que ela mais queria amar, e fazer com que a desejasse loucamente. Naquela noite, Gindiro ficou de velas no penhasco da lagoa, queria ver donde surgia o grande Veado bali, então de manhã quando Gindiro ia espreitar se aquela beleza de mulher já se encontrava tomando o chuveiro das quedas.

Ela lá estava bela como uma deusa, mas o som duma correria fez tornar muito rápido Gindiro, que apenas teve tempo se saltar e cair no dorso daquele grande exemplar Veado

Bali, agarrando-se ás duas hastes , procurando-o quebrar o pescoço, este que não abrandou sua corrida um nadinha, e do alto do penhasco mergulhou nas águas profundas da lagoa, arrastando consigo o amoroso Gindiro.

A deusa do amor, ali ficou estática a ver se via surgir das águas aquele que procurava satisfazer seu capricho, vencer o Veado Bali para ela se deitar na sua pele entregando ao amor sua virgindade;

Então ela passava dias e noites à volta da lagoa, esperando um dia ver surgir o seu amado

Uma noite de luar, aquela beleza Viquingue pareceu-lhe ver refletidas nas água da lagoa seu amado, sem hesitação lançou-se do alto do penhasco nas águas profundas da lagoa.

À quem diga nas noites de lua cheia se podem ver aqueles dois amorosos banhando-se nas quedas duma lagoa Asturiana, dizem que fica perto do caminho feito de grandes pedras que vai a S. Tiago de Compostela.



Nenhum comentário:

Postar um comentário